Depois de muita especulação, a Telefónica concluiu as negociações
para venda da Atento ao private equity norte-americano, Bain Capital. A
operação movimentou mais de 1 bilhão de euros (US$ 1,3 bi) e deixou o
mercado de call center ansioso para conhecer os novos rumos que podem
ser traçados pela companhia dos EUA. "Acredito que essa mudança vai
trazer uma postura diferente ao mercado e demonstrará mais foco na
atividade", opina o do gerente de processos de integração de vendas e
supply da Syngenta Proteção de Cultivos, Marcos Fábio Mazza.
A negociação fechada no dia 12 de outubro ainda inclui um acordo de
garantia de prestação de serviços da Atento para a Telefónica, com
duração de nove anos. Além disso, o valor total inclui as dívidas da
companhia de call center, estimadas em 175 milhões de euros. Para o
especialista, não existe um reflexo em cadeia que possa ser causado pela
transação, no entanto, somente o passar do tempo mostrará os novos direcionamentos da companhia.
A Atento
é uma multinacional de serviços de CRM, líder no mercado latinoamericano e a
segunda maior do mundo atuando na área de Call Center. Desde 1999, a companhia vem desenvolvendo seu modelo de
negócio em mais de 15 países, onde emprega mais de 152 mil pessoas. No
exercício de 2011, a Atento teve uma receita de € 1.802 milhões e um OIBDA de €
161 milhões, elevando sua dívida líquida a € 175 milhões em junho de 2012.
Para Coelho, com a crise econômica afetando a Espanha cada vez mais, a
Telefónica enxergou na venda da Atento, uma das líderes do mercado de
contact center, uma oportunidade para sanar parte de seus débitos.
Ponto comum entre especialistas, a venda da Atento deve acirrar
ainda mais a concorrência entre as corporações, independente do seu
porte, já que a companhia está entre as líderes do mercado de call
center brasileiro. Na opinião de Mazza, as médias corporações, por
exemplo, devem começar a se unir para ampliar o seu porte. "Considero
como mais recomendável que as empresas se especializem em segmentos mais
lucrativos e específicos, tornando-se grandes em cada setor e não
apenas no mercado", avalia.
O futuro ainda é
incerto com relação às mudanças que o Bain Capital deve ou não
proporcionar ao mercado, e principalmente para os tomadores do serviço.
Além disso, o negócio pode atrair novos investidores em busca de
oportunidades lucrativas, como revela Mazza. "Tudo vai depender do que
for prometido e do que será entregue. Uma nova postura vai aumentar a
credibilidade e eficiência, como também vai provocar a famosa reação em
cadeia entre os concorrentes, que buscarão a diferenciação pela
qualidade", explica o executivo.
A
americana Bain Capital, cofundada pelo hoje candidato à presidência dos EUA
Mitt Romney — que deixou a companhia em 2002 —, é uma empresa americana de
serviços financeiros e gestão de ativos, especializada em private equity,
venture capital e crédito e investimentos do mercado público. A empresa investe
em uma ampla gama de setores da indústria e em várias regiões geográficas. A
partir de 2012, a Bain conseguiu cerca de US$ 66 bilhões de capital de
investidores através de suas diferentes plataformas de investimento. Fundada em
1984, a Bain adquiriu ou investiu em centenas de empresas, incluindo: Burger
King, Pizza Domino, DoubleClick, Dunkin 'Donuts, Staples, Toys "R"
Us, Warner Music Group e The Weather Channel.